Polêmica

Vereador de Canguçu tem fala preconceituosa vazada

Discurso racista e machista vazou em microfone aberto durante sessão

Foto: Divulgação - O vereador Francisco Vilela (PP) disse ao jornal que não falou nada na ocasião

Atualizado às 20:30 de 9 de junho de 2023 para acréscimo de informações

O vereador de Canguçu Francisco Vilela (PP) é acusado de uma fala de cunho racista e misógino sobre uma servidora do Município e que vazou durante uma sessão da Câmara Municipal na última segunda-feira. Vereadores discutiam a situação de técnicos de enfermagem quando a sessão foi suspensa, mas o microfone do vereador ficou aberto. É possível ouvi-lo dizendo “negrinha p**, p** que é um raio, a filha do (nome)”, se referindo a uma técnica de enfermagem que acompanhava a sessão. A situação não foi notada no momento por quem estava no local, mas o caso passou a repercutir horas depois, quando o teor da fala foi notado na gravação da sessão, transmitida pelo YouTube.

Para a servidora que foi vítima, a sensação é de perplexidade. “Quando eu escuto o áudio, eu descubro que ele está falando de mim porque ele cita o nome do meu pai”, diz. “Quando ele fala isso, ele fala muito mais dele do que de mim. Me chamar dessas coisas me conhecendo, do jeito que ele me conhece daqui da comunidade, da profissional que eu sou, mãe de família, conhece meu marido, isso realmente me deixou muito mal.” Ela entrou com um boletim de ocorrência na tarde de quarta. “É impossível que um cara desses vá para uma Câmara de Vereadores, onde representa o povo, falar esse tipo de coisa. Imagina o que fala fora dos microfones?”

A advogada Cibele Bernardes, que representa a vítima, diz que a fala se enquadra como injúria racial, que é equiparada ao crime de racismo, passível de pena de dois a cinco anos de reclusão. “Nós não vamos deixar isso impune porque o que ocorreu foi um fato gravíssimo diante do que ele proferiu e tendo em vista o cargo que ele ocupa”, afirma a advogada.

A única mulher da Câmara de Canguçu, Iasmin Roloff (PT), também já foi alvo de machismo dentro da Casa e se manifestou sobre o caso na sessão de quarta-feira. “O episódio da última sessão envergonha nossa categoria dos representantes do povo, enquanto vereadores”, disse. “Como mulher, que já passei diversas vezes por situações desagradáveis, sei o quanto essas atitudes machucam e impactam nosso emocional.”

O vereador Jardel Oliveira (PSDB), presidente da Comissão de Ética da Câmara, também subiu à tribuna para repudiar o caso. “Temos que rever o que pensamos, o que falamos, para não causar esse transtorno que causa para todos. Evidente que a agressão é muito maior para quem é a vítima.” Carlos Eduardo Martins (PP) também repudiou as falas do colega de partido e leu uma carta da executiva do Progressistas sobre o caso. “Essa atitude foi um ato isolado, que nada reflete a conduta da executiva, seus filiados, vereadores e suplentes.”

Procurado pelo DP, Fracisco Vilela disse: “eu não falei nada em Câmara. A conversa que eu tive foi num momento de… bom, nem tenho que te explicar. É um momento em que eu estava conversando com outro vereador, uma situação que não tem nada a ver”. Ele não respondeu outras perguntas.

Ao DP, a presidente do Progressistas de Canguçu, Patrícia Tavares, encaminhou a nota lida pelo vereador Martins e disse que a comissão de ética do partido foi convocada para uma reunião na próxima semana, quando discutirá o caso de Vilela.


ONG pede cassação do mandato

Através da ONG Ciem (Centro de Integração das Entidades da Metade Sul), 16 comunidades quilombolas enviaram ofício ao presidente da Câmara de Vereadores, Luciano Bertinetti (MDB), para pedir a cassação do mandato de Vilela. “Pedimos a quebra de decoro parlamentar, que seu mandado seja cassado e que todas as providências cabíveis por este órgão (Comissão de Ética da Câmara) sejam tomadas, pois este espaço é o que representa o povo”, diz o documento.

Confira o vídeo



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